terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

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E quando as marcas do tempo forem apenas nossos sorrisos guardados, contidos; será mais fácil amar o dia de hoje.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

na rua Bom Pastor


Poucas coisas são boas ao recordar na infância, predominantemente os lugares e as músicas.
Quando criança tudo é novidade, é belo e figurativo. A imaginação é simbolista, a verdade é irreal.
Esse é o estigma de cada ser. Suas experiências são marcadas em um ponto do cérebro que quando adulto, acaba adormecendo. Somente desperta quando o coração aperta.
As eleições são tão singulares e excêntricas que nos perguntamos se estamos no lugar certo e se permite a filosofia, duvidar dessa conspiração armada chamada universo.
Ainda bem que eu tive uma tia que gostava de filmes, vai ver foi isso que me motivou a fazer cinema. Tive uma avó que ouvia músicas. Com certeza foi isso que me fez ter um monte de cd´s e vinis.
Tive também um avô que veio do mato e que tinha ligação com o além. Uma avó que quase foi freira e que gostava de tocar piano. Essa eu nunca tive contato, só por foto.
Não esqueci de outro avô, que ficava pouco tempo comigo. Trabalhava á noite num lugar secreto.
Debaixo da rua Bom Pastor. Durante a madrugada ele criava catedrais.
Eu não entendia muito bem. Achava bonito apenas.
De repente ele se foi também. Não nos despedimos. Penso nele. Penso nos outros que também foram e eu não consegui dar um "até mais".
Ficou a rua Bom Pastor como cenário de um dos meus momentos mais doce.


quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Memórias atuais


Olhando da janela do meu quarto eu fico pensando se um dia vou estar em outro quarto, com outra janela pra olhar.
Se vou me lembrar de como o amor é um coringa sarcástico quando se está na casa dos vinte e poucos anos. De quando chove assim e eu desejo tanto que um raio caia na minha cabeça.
De como é difícil sustentar a mente sã, os passos leves e certeiros...
Urgência de momento ou não, aquele bem que me foi fito não bastou, mas fará uma falta desgraçada. Mas, tudo bem, tanta coisa faltou durante os anos, tanta saudade de momentos mágicos de plena euforia e harmonia.
Muita coisa que falta e arde em dias de chuva.

Vou me lembrar, roendo as unhas, de como nunca soube se era real o brilho dos olhos e o sorriso faltando alguns dentes do fundo.
Forte como uma pétala de flor longe da flor, assim me sinto, assim acumulam-se dias e lembranças... Sempre buscando o melhor de tudo, pra ofuscar o negror do mundo. Missão falha. Uma coleção de falhas pra contar.

Acho que não estou em condições de ser salva, e a salvação vai de acordo com o merecimento, pode virar pena mortal se você deseja ser salvo da punição do que você mesmo fez.
Mas a essência é como um lobo ferido quando não morre.

Acordo, fumo meu cigarro e repito pra mim mesma que tudo só depende de mim e dos meus atos, mas tem uma série de influências, uma série de deficiências externas.

Ele não sabe ainda, mas é muito fácil me esquecer, deixar pra trás. Não temos nada e a felicidade bate a porta na nossa cara sem remorso algum.
Molduras a parte, o quadro reflete somente um vazio, completo por frustração.

Crer, é o de menos, eu acredito até em duendes...
As sensações passam, ficam guardadas nas fotografias e eu não queria que fosse assim.
Assim como também não queria ter enterrado tantos mortos, lambido tantos cortes e não ter conseguido disfarçar as cicatrizes...

Peço desculpas aos céus, aos deuses, aos demônios e pra ele.
A culpa é um punhal de prata que já necrosou em meu peito.