quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

um céu


Os pequenos amores são sempre insatisfeitos.Não conseguem explodir como as estrelas, são raios fotográficos que atraem a morte com dignidade.
Morrem á beira mar, me lembrando a guerra da Espanha, quase poética e tão fatal.
Ah, os amores que respiram os seus lábios desencantados, tocam minha nuca e não nos vemos mais nessa semana.
As várias diferenças que nos transformam em amantes compassivos, sublimes e animais, não é a idade e nem a ideologia. Temos os mesmos dilemas e dormimos num vazio aconchegante.
Você continua me contando a mesma estória para adormecer, eu esqueço de dormir e acordamos dentro de uma multidão feroz, que nos ataca com seus passos.
Tudo é pela metade na minha vida, até você veio pelo meio, cortado num flash da máquina.
Celebrei nosso encontro àquela noite e depois nunca mais, nunca mais.
Eu estava no centro da cidade, preparada para me atirar de qualquer lugar alto ou subir na banqueta e laçar meu pescoço.
Eu estava disposta a mudar tudo e nunca mais passar por isso, essa falta de ar, de idéias e de não me reconhecer mais.
Eu não quero mais viver isso. Não tenho dom para atuar, não sejamos ridículos!Isto não é um palco. Estou falando de mim.

sábado, 22 de janeiro de 2011

12 quilos a mais e uma solidão sem som

Nan Goldin

Clichê de volta pra casa: óculos de sol pra esconder as lágrimas que insistentes caiam dos olhos sem lápis e sombra.
Achei estranho as pessoas nas ruas, as cervejas esquentando nos copos enquanto o sorriso esvai entre uma golada e outra. É sábado, um enguiço tão grande dentro de mim que até me esqueci.
Não sinto mais nada, essa pedra, esse nódulo no centro das minhas emoções e sentidos não permite.
Pudera matar ou morrer.
Mas são cortes lentos, é roubo sem recompensa, é sexo sem cheiro.

Não quero amor, não preciso mais desses artifícios.
Procuro alguma palavra que não seja agreste, algum conforto que não seja fuga.

No mais, dou nó em minhas veias e não sinto mais meu coração.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

hemorragia


Estou observando Barbara, ela é patética! Tão jovem, tão gostosa e tão sacana. Esqueci de dizer que é bonita, mas, é burra por que não sabe escolher seus homens. Não sabe nada de relações.

Só sabe usar bem o batom vermelho, que lhe dá ares de putinha sedutora, daquelas bem barata,que encontramos em um desses quartos embolorados no centro.

A única vantagem é a idade, o tônus muscular, a produção de colágeno e a bundinha empinada.

Outro dia ela tomou um barato qualquer, disse que foi uma viagem ao seu interior, imagina! Ela não sabe filosofar, só sabe fazer pose .

Ela lê esses artigos da Clarice, ela fala que gosta de Luiz Melodia, ela anda falando muitas bobagens.

O legal é quando ela fica seminua na varanda, desfilando a pele branca e fazendo bico de intelectual, de blasé só para rir da gente.



Estou observando Vera. Tá velha, parece o Lou Reed, toda de preto e bem amarga.

A única coisa que ela usa e eu gosto é esse ray ban preto arredondado.

Admiro seu domínio sobre os homens, ela é totalmente equilibrada.

Possui um corpo magro, elegante apesar das rugas.

Fica repetindo essa música da Sarah Vaughan, parece coisa de fossa.

Eu sei que ela fica me olhando, tem saudades de mim. Eu não sei muito bem lidar com ela.

Ela é meu futuro e eu sou o
seu passado.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

que gosto...

...tem a palavra quando sai do papel?
que sentido faz andar por aí e topar com as escolhas certas?
qual presságio tem o corpo que levanta dentre o vigor velho, que não fomentam a alma?

sábado, 8 de janeiro de 2011

Meu nome é ébano

Ah, se eu soubesse que a libertação fosse a ilha, jamais permitiria que a terra me cobrisse.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Convulsiva Medusa


Não te esqueças do que é feito o pão.




terça-feira, 4 de janeiro de 2011

feliz ano velho II


Pra quem tem medo da vida, um pouco de morte.

Pra quem tem sorte com a morte, um azar nas curvas da vida.

Pra quem quer um salto e só encontra o cheiro do asfalto dia após dia.

Pra quem quer um grito, silêncio.

Pra que silencia demais, exposição.


Amores inconfessos, desperdiçados em melodias.

A sociedade saciada de números.

A esfinge, uma piada de mal gosto.


Somos todos feras malditas providas de ventres esquecidos.

Que eu quero esquecer.

E você, também.


Feliz? Ah, feliz ano velho sementes do nada.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Feliz ano velho

apesar dessa frase ser batida, merece o reprise.
nada de novo acontece, apenas a continuação de tantos anos endurecidos pela hegemonia social.
não sei por que andam queimando tantos fogos, por que se vestem de branco ou verde, que fazem mandingas, promessas e pulam ondas.
fazem contagem regressiva de horas que não fazem o menor sentido, brindam, se abraçam.
fazem planos a serem cumpridos ao longo do "novo" período, não dá pra entender por que tanta alegria num único dia.
aí todos ficam "bonzinhos", cheios de fé, falam do bem ao próximo.
durante esse período, todos se comportaram mal. criaram polêmica, jogaram merda no ventilador, fecharam-se em suas conchas, achincalharam o Estado.
tudo é culpa do outro e nada acontece por acaso.
deus está irritado com as indústrias e aí meu filho, está nos fudendo com o aquecimento global, fora a crise econômica, os republicanos etc.
a vida é dura, nunca se tem grana e a saúde pública anda uma desgraça.
dá até vontade mesmo de desistir, mas, essa vida dura é tão curta e viciante que, nos permite sonhar.