domingo, 18 de julho de 2010

saudade no peito dos outros não mata.

“Porra Henrique! Eu não estava mentindo quando te entreguei tudo que eu tinha, você sabe que você é o único dentro dessa caixa idiota chamada coração...” - disse em pensamento Ana antes de sair dali do corredor sem tapetes da loucura dele.
Não era muito simples respirar naqueles dias, sem saber se ele sentiria o mesmo, se colocaria outra em seu lugar.
Sexo só piora tudo, principalmente porque é a memória da pele a que conduz os inconseqüentes.
Temia tanto que nunca mais voltasse a estar contente, que fosse eterno esse lamento, essa falta e essa certeza de que não valia a pena boa parte das vontades. Queria ter vontades saudáveis como todo mundo, queria ser mais calma como todo mundo e se sentir um pouco mais correta.
Henrique não a amava mais, há algum tempo, mas fazia dela sua refém, porque ele sabia que ela o amaria pra sempre, que fundara nela mais que um corpo ardente, e sim um santuário de tudo que ele destruíra com as próprias mãos.
Para Ana, parecia que havia caído num imenso abismo em que não conseguia mais superar nada e tudo que já havia passado voltava a lhe atormentar.
Um túnel dos ensejos mais sujos e prazerosos... Agora sozinha, esperando ele voltar.
Bethânia gritando na vitrola: “De que lábios beberás um novo romance? Em que lábio meu beijo foi esquecido? Hás de voltar, hás de voltar!”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário