terça-feira, 25 de maio de 2010

sleeping pills (I need)


Tem dias que a gente acorda meio morto. Com gosto de sangue apodrecido na boca... Sangue que me tiraram, sangue que eu dei e que me cuspiram de volta. Sangue tinto seco e minhas miragens lunáticas.
Os olhos denunciam algumas lágrimas tolas... Num desespero que eu nunca me atrevo a demonstrar.

sábado, 15 de maio de 2010

Eu e meu limite curto.
Eu e a minha falta de capacidade de passar por cima e dar a volta.
Eu que não consigo encarar com bondade.
Eu que não sei esquecer e que tenho fugas falhas.
Eu que já não sei pra onde vai a vida e onde ficou a morte.
Eu e tudo aquilo que temo num quarto sem janelas.
Se pudesse cortaria a linha da vida da palma da mão.
Não valeu, não vale, é só pena.

Quando Phil Collins foi visto morto em Oaklahoma

Não durou mais que cinco minutos.
O carro declinava barranco abaixo, saltando sobre os veados e os arremessando contra as árvores.
O que resta é a comunicação das fotos.
Ela está em Israel, noticiando uma guerra privada.
O café é o cheiro do seu silêncio.
As ligações foram grampeadas.

terça-feira, 11 de maio de 2010

segunda-feira, 10 de maio de 2010

trincheira

Quando há sobras, não há fatias .
Quando a circunstância lhe empurra é por que algo de bom vai acontecer ou algo de ruim inevitavelmente deixará de acontecer.
Por essa porta passaremos todos, sem aviso de bater antes de entrar.
Algumas coisas nos enlouquecem e nos permitem gritar, por que todo limite é desenterrado, tudo é desenterrado.
A pressão vem, o desespero vem e a fome vai embora. O sono vai embora. A paz desaparece.
Isso tudo é um caminho pelo qual tem de se caminhar, até que os monstros desapareçam e nasçam as estrelas.
É preciso subir as montanhas, é preciso cortar a madeira e fazer o fogo.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

mardi


hoje eu fiz uma pequena caridade

fiz sorrir pessoas que não têem coração

que gostam de mastigar o sentimento alheio


que fazem bolha de sabão com os nossos sonhos

que incendeiam aldeias inteiras

mordiscam as arestas do paraíso


fazem surgir o fogo e a tempestade na selva

há sons de fúria

de rompimento


não acontece isso sempre

na verdade só há um instante

e você tem que fazer tudo nesse instante.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

_|_


Eu pensei em jogar uma pedra na sua janela pra você saber que é por ti que eu ainda puxo a fumaça do cigarro com tanta veemência e amargura descendo a rua.Mas eu preciso parar de fumar um dia e não mais escrever que me lembro, que mato um leão por semana pra esquecer que não te verei mais e que as letras finais subiram no nosso filme.

domingo, 2 de maio de 2010

o chafariz de Trindad

o encontro acho que foi bom. deixei ela deitada no sofá. na hora de sair foi um pouco perturbador por que eu sabia que não a queria mais, nem ouvi-la, nem cheirá-la.
coisa estranha isso, sentir atração e repulsa.
o que me servia era o bar debaixo, numa praça bem escura, eu via as pessoas e elas não.
já tive problemas com essa invisibilidade, até gozaram da situação acreditando que eu fiz algum tipo de pacto.
...o cara ficou me seguindo, nesse lance eu tive medo, naquele bar, a situação toda era estranha.
um pesadelo depois do sono profundo, eu até queria retornar, mas, já era tarde. ela estava descansando.
pensando no que foi feito?

* * *

acho que ele deve estar arrependido.
me deixou aqui no sofá.
já são cinco da manhã! ainda bem que não preciso acordar cedo.
putz!, ele acabou esquecendo o r.g.
ele é bonitinho. não vou devolver.
acho que ele vai ligar.
será? ah, não importa também! foi melhor assim, senão acaba tendo cobrança.
o bar ainda tá funcionando? barulho do caramba!
desse jeito fica difícil dormir.

* * *

esse maluco deve tá me seguindo! vou ficar mais um pouco aqui.
- uma água com gás e me vê também um maço de cigarros.
ela é muito enrolada, louca. (acende o cigarro)

* * *

(toma um banho)
estou me sentindo numa vitrine. completamente exposta.


* * *

(polícia chega ao bar)