sexta-feira, 25 de junho de 2010

floresta negra


Com quantos cogumelos se faz uma Alice?, se ela estiver perdida, diga-lhe para tomar cinco xícaras de chá desses adoráveis seres redondos que nos levam aos sonhos de um terreno distante.

Caso o efeito seja devastador, deixe seu corpo na linha férrea para que a morte seja súbita.

Não permitam que fale com seus pais.

terça-feira, 22 de junho de 2010

~




"Extinguir-se por algum tempo, mas ter certeza de que a gente volta a ser chama".

Elias Canetti in Sobre a Morte (Est. Liberdade, 2009)

sexta-feira, 18 de junho de 2010

PESARES

Ao homem sem pontos nem vírgulas
que despiu a imagem divina e nos revelou que a arbitrariedade reside em nós humanos
José Saramago, foi-se mas nem tanto.

terça-feira, 15 de junho de 2010

ao vivo é muito pior.

Hoje amanheci como um poema morto.Sem sono como um velho sem pernas tentando entrar em casa.
Desgraças e alguns elogios soam falsos como quem diz que viu fantasma.
Seria essa mesmo a sorte das meninas sem pai?
Estariam jogadas ao bel prazer dos homens sujos?
Minha mãe tem um laudo de morte que aponta meu nome como causa. Eu nunca soube bem como usar o amor que me adoece por ela.
Eu tenho medo de não enlouquecer, de não poder clamar por inocência com a loucura a meu favor...
Eu tenho mais medo ainda de viver muito, da certeza da morte jovem e ainda bela me abandonar!

Quanto ao possuído, não quero saber qual imagem ficou de mim no final do desvario, na curva tresloucada do seu ódio.
Se eu não o tivesse amado, o teria matado, último episódio com morte, clareando minha honra, me salvando com sangue derramado, pra ressurgir meus ânimos, pra reescrever minha história.
Mas eu não mato nem baratas.
Se eu fosse mesmo um demônio o possuiria mais que sua estupidez e cólera estúpida.
Mas eu sou o barbante condutor de luz arrancado por dentes atrozes.

terça-feira, 8 de junho de 2010

III

EU

QUERO



ENTENDER POR QUE GOSTO



DE VOCÊ.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

II

Flagelo onde o amor resiste

Nas costurinhas desse pensamento simplório, de mágoa e prazer, sinto que colho a mais bela flor, que não contém o espinho.
A resistência é uma idéia fixa, que te deseja, mas, logo me regurgita.
Uma brincadeira de infância, sem final feliz, de qualquer modo se é criança por que não sabemos expressar senão através de palavras “sérias” os nossos sentimentos.
Sempre tudo muito cauteloso, aliás, não se pode deixar rastros, o amor é irracional, não se esqueça!
Mas ele é mais forte que a razão e tenho que me enganar, é a paisagem perdida que encontro dentro do meu coração.
Um caminho perigoso que tento descortinar, a dura observação de se ter um amante imaginado, que não transcorre em linha reta é tão logo um estorvo, que dilacera as esperanças pequenas.
Na minha leitura todos vencem pelo amor, mas, todos morrem por ele também. Todos fingem não amar, mas adoentam-se por ele.
Vêem-se coisas que não existem, deturpam a realidade. Transformam as amálgamas e pestanejam sobre as virtudes mundanas.
O amor poderia ser maior que todos os obstáculos, de todas as crueldades que a sombra do mito traz e entre tudo, deveria ser a maior prova sepulcral de toda a condição humana que não está viva ou se encontra inerte.

Parte II

domingo, 6 de junho de 2010

Epopéias dominicais (vomitando compulsivamente)


Eu não sei quando foi que eu perdi aquele encanto por gente.
Peguei-me lembrando dos tempos de poesia pelas ruas daquela cidade, na mão de um hippie que realmente partiu.
Essa nostalgia me tira a fome e impede meu raso futuro.

*

Tinha também aquela vontade de nunca mais receber correspondências de pessoas medíocres.
De nunca mais deitar nua no seu tabuleiro, pra depois ser mais uma peça que você descarta.
Uma vontade de ver sua casa em chamas na primeira página de um jornal e ainda limpar minha bunda com ele.

*

Pregou alguns tecidos na camiseta pra esconder a marca dos tiros.
“Dia desses a vida me levará estrada afora e a minha nudez não será crime”.
Mais um inverno comendo ratos, colhendo vísceras e te vendo morrer.
O destino nos deixou largados sem inferno e sem deus, porque eu não preciso de deus, quando vejo você que diz amar a deus eu desconfio do propósito do que seja amar.
Vermes não amam, mas encostam na mão de deus.
Seu deus e você me doem no estômago, não me desce sequer o almoço, transformam um domingo de sol em bestialidade.

quarta-feira, 2 de junho de 2010


Si bemol

O ensaio da loucura em vias privadas

Foi dedicado para todos os que possuem espírito livre, amantes do fogo.

Podem ou devem denominar-me de enlouquecida quando não restam fugas senão a minha própria sobriedade que, esconde um provável desequilíbrio.
Um exercício que me traz agonia e por que não desespero, quando vem os pensamentos, todos misturados dançam uma valsa de horrores.
Acordar é perceber o longo dia, coisas a serem feitas, horas intermináveis de angústia.
Ainda me falam sobre um paraíso, que resvala em nossas mãos de vez em quando, não nas minhas!
Tilda adormece na cadeira. Esperou-me parar com essas escritas. Gosta de ouvir minhas estórias. Muito silenciosa, me preocupo quando não ouço os outros.
Seja ela o motivo da minha maneira como seguir, vivo por ela então, com uma devoção louca que pratico quando quero ser boa.
Uma criança de dez anos nada sabe sobre o mundo, os papéis que representamos nossa hipocrisia adulta que se intitula soberania.
Nossos compromissos com o sério e absurdo.
Ficaria horas batendo as teclas dessa máquina velha que ainda me é fiel, que escuta o que o coração pede e transforma em palavras. Só consigo ser justa com ela, ninguém mais, nem com meu próprio inconsciente.
É como um desabafo para não temer a loucura. Sim, tenho medo de virar um trapo louco, arrastando-me pelas vias sem que ninguém estenda sua generosidade.
Somente Tilda pode me dar essa força que vos falo que alimenta o espírito com a franqueza de uma garotinha aparentemente frágil e mui bela.
Nosso desafio é manter a chama acesa do fogo.


Parte I