quinta-feira, 24 de março de 2011

O amante inconsciente - A Casa de Chá Bangladesh


As festas na casa de família são muito parecidas. As tradições e as condutas sociais que controlam nosso lado devorador.
O banquete servido sem nenhuma restrição, onde todos comem, bebem e falam ao mesmo tempo excluindo aqueles que preferem ficar deitado na rede lendo um livro ou mesmo pensando na vida.
Tori e Gyn: amantes inconscientes.
Há sempre um ensaio de envolvimento entre ambos,entretanto, o obstáculo sagrado é a família.
Os olhares, o toque na mão sem querer ou mesmo a fuga do abraço. O cigarro compartilhado, a conversa sobre gostos musi
cais e literários.
A fronteira. O lapso e a fome da paixão.
Num prato de sopa, mergulham despidos da vergonha e da ética. Se tocam, se percebem.
- Faz tempo que não nos vemos.
- No último almoço você estava doente Tori.
- Eu não queria vir. Arranjei uma desculpa.
- Sentimos sua falta no jogo de cartas.
- Não vou jogar mais cartas.Cansei de você só tocar em mim por debaixo da mesa!
- Não podemos! Seria uma loucura. Um escândalo desnecessário!
- Você não terá escândalos Gyn, não enlouquecerei por causa de uma atração!
- Vamos!
- Para onde?
- Vamos dar a desculpa de comprar algo e conversamos no caminho.
Param num armazém.
- Levarei uns repolhos para mais sopa.
Ambos riem.
- Quem vai acreditar que só saímos para comprar repolhos?Má idéia, má idéia!
Gyn entrega um papel a Tori. As mãos se tocam novamente.




Um comentário:

  1. As vezes a vida imita a literatura. Quando tudo parece coincidência.... Sempre é a razão quem nos trai, porque a vida não deve ser nem isso nem aquilo que pensamos ou deixamos de entender. Se pudesse apenas viver entenderia mais....

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