Não é tão fácil escrever um livro. Nem sei se escrever faz tão bem a alma como as pessoas dizem.
A boa alma de Ligia não consegue desvencilhar as tempestades da filosofia.
Seu tormento começa num café, na esquina da Boa Vista com a Quitanda, revirando as páginas de um surrado livro de bolso, Beckett e nada mais para falar de desavenças e coisas ligeiramente negativas.
A página ia esboçando rascunhos tímidos e se perdendo no clarão da luminária amarelada baixa que sussurrava emcima da mesa.
Sobre o quê escrever?
Tantas opções e falta delas. Se quiser pode falar de morte, amor, dinheiro e filosofia. Há pessoas que somente se importam na área do Direito e deve-se falar estritamente na área do Direito.
Quando é assim, não precisa nem falar, a vida faz toda a diferença e sempre as coisas surgem de última hora.
Um rapaz magro, comum, alto, surgiu do nada e resolveu sentar-se à mesa. Ficou olhando várias vezes para Ligia e tentou inciar alí uma conversa.
- Não deve ser fácil escrever um livro!
- Desculpe, você falou comigo?
- Eu é quem peço desculpas, acabei me intrometendo!
- Não sei como começar!
- Você sempre está escrevendo.
- E nunca sei o que escrevo!
- Poderia falar das relações sociais, das suas diferentes formas.
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quarta-feira, 17 de novembro de 2010
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