sábado, 23 de outubro de 2010

uma estória socialista - casa de chá Bangladesh

Tinha um livro que Suen lia muito. Não mostrava muito. Quando ficava na varanda dos fundos, apenas seu amigo Jonas compartilhava da leitura. Ele ficava perguntando o que era socialismo.
Sutilmente Suen apontava para seus uniformes:
- Isso é uma forma de socialismo.
- Andarmos uniformizados?
- Não termos distinções.
- A onde quer chegar lendo isso?
- Em lugar algum.
- Já sei! Quer virar deputada?
Não era isso que Suen definitivamente gostaria de ser. Seus estudos sofreram um intervalo por causa de uma criança. Um filho que não fora desejado e abandonado numa caixa.
Ela não contava isso para ninguém. Ninguém sabia da outra vida de Suen, sem seu uniforme "socialista"perfeito.
O passado às vezes retoma como uma tempestade, revelando coisas que insistimos em esconder por debaixo do tapete.
Suen não sabia mais dessa criança. Também não queria procurá-la. E se a encontrasse, seria como no regime de Mao Tsé-Tung, uma estranha totalitária com sede de revolução em qualquer lugar. Usaria suas armas, como em toda as revoluções fantasmas.
Suen era a "camponesa" bastante abalada com sua situação civil, porém, a criança não seria a sua arma de revolução, seria um escapismo em sua memória.

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