quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

A trilogia Abissal ou a garota que não tinha sombra


Já era tarde da noite. Estava na pauta cobrindo uma matéria que falava sobre uma das últimas descobertas no sarcófago de Tutacamon e fui me deparar justo com Ariclides que trazia novas na redação.
Esse jornalista franzino descobria mais que o triplo que eu em estado de graça, mas, cada um tem o seu valor.
Como eu dizia, já eram tantas da noite e eu precisava fechar o caderno com a ilustração do Torres e com a entrevista bonitinha na primeira página.
Ao longo da madrugada, senti que estava situado num filme de Romero, onde as mãos brotavam das paredes e o terror só estava começando.
Eu estava num prédio velho, no centro velho, deixado com os fantasmas da boca do lixo. Tinha medo de sair sozinho para fazer um lanche na padaria da próxima esquina.
Não só a violência como as lendas urbanas atormentavam os seres irracionais do jornal- digo irracional por que depois da meia noite ninguém mais pensa a não ser se pagar bem - e assim segue um mentiroso trecho que meu chefe não pode ler.
Torres e eu ficamos discutindo sobre a ilustração. Eu achei perfeito e ele sempre querendo cortar algo. Nisso ele toca num assunto desconhecido para mim: a trilgia Abissal.
Eu fiquei entediado, acreditando ser mais uma dessas estórias tipo Senhor dos Anéis só que aconteceu há algum pouco tempo atrás nessa instalação.
Uma garota que acabara de chegar para trabalhar aqui, teve um mórbido final triste.
Contratada do Ribeira, não teve mais do que dois dias de serviço.
Disseram que aprendia rápido e que fazia muitas perguntas inteligentes, só que, nada disso adiantou para salvar sua pele.
Na manhã de terça-feira dia 07 de abril, ela foi encontrada amarrada com os olhos arrancados e com a língua decepada.
Quem fizera tamanha crueldade com uma garotinha que acabara de se formar em jornalismo?
Torres foi além, contando-me que tiveram algumas testemunhas e que essas foram juradas de morte se caso se revelassem.
Por sinal, deu certo a ameaça, ninguém nunca soube dizer o que realmente aconmteceu ou quem viu e disso vocês estão cansados de saber que quando acontece um crime, nenhuma barata está presente no ato.
Esse seria o fim dos jornalistas com mentes afiadas?

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