domingo, 31 de janeiro de 2010

Meninas que brincam de meretrizes acabam mulheres tristes...

Andressa queria ser puta e livre, mas era só bipolar.
Valéria bebeu três doses de cachaça (quase virou homem e vomitou).
Meninas se tornam mulheres tristes, e nem é conversa de perna que abriu, de pau que entrou, é conversa de mundo (papo de mãe que diz que mulher tem que se valorizar porque se não, vai ouvir coisas que doem), de valores que Andressa e Valéria não vão compreender nessa ou na próxima estação.
Pensava que o valor estava em sermos quem somos, na loucura, no silêncio, na marijuana, na cocaína, na vodca, na cuba, de cabelos molhados, lisos, enrolados, santa, demoníaca, sorrindo, dançando, vomitando, fazendo o almoço, mandando mensagens na madrugada, querendo que ele ande de costas pra rua de mãos dadas pra ela; gritando chorando, sorrindo e chorando e dançando.
Queria o amor assim, o amor que ama quando a vê vomitando nua embaixo do chuveiro (logo ela que nunca vomita e nunca molha as melenas escovadas assim...) e que deixasse pra lá o vexame raro que a envergonharia.
Andressa se contradiz ( certezas tão opostas em intervalos tão curtos, nem espera compreensão, pudera vir a empatia) e depois não consegue conter as lágrimas; e lágrima de menininha arrogante deve dar um sadismo gostoso dos diabos pra moleque inseguro que já anda comendo outras... Que já viu que seu pau entra mesmo em qualquer lugar, e que tem muita dona entediada com um “grande vazio molhado” por aí.

Naquela noite não choveu, naquela noite o velho branco do samba cantou algo sobre paixão e dormir no abraço. Não falou da chuva que me amedrontaria e de sentir-se um lixo no dia anterior. Mas, tudo bem, era samba! Não presciência caralho!

Por que quando a gente chora parece chuva de presságio de fim de mundo?

(Por falar em chuva, esse domingo chorava alguma coisa bem doída no céu hein?).

Meninas que brincam de meretrizes acabam mulheres tristes...

Mas ser mulher é triste, primeiro o cara finge que ama sua alma (almejando sua vagina lacrada e eufórica), então tudo é alma, beijo é alma, conversas, histórias, coração e alma abertos praquela prole macho tão sem empatia, que se não dissimulasse tanto deixaria os chifres de diabo aparecer...
Não quero lamuriar a condição feminina não...
Porque começa assim, as revelações não demoram tanto. É que se tem amor que não exige muita coisa é amor de menina, “é que a gente dá mais que o corpo em motéis baratos e homem não salva ninguém não...”-declarou Valéria.
Eu sempre quis viver mais, compartilhar mais do que eu penso, sinto, dessas impressões embriagadas, desse mundo meu que eu odeio e me orgulho, de toda essa ampla utopia (que teima em nem ser utopia), eu sempre pensei que amor tinha a ver com empatia, com encanto, algo como querer saber o que o outro é, o que queria ser, o que já foi... Pensava que amar era esperar sem chorar, e chorar sem esperar...
Pensei que amar era respeitar a decadência do outro e nunca se vingar quando o visse frágil.

Eu tenho olhos que confessam, que me entregam.
E finge não me conhecer...

Desgraçadas mesmo, são as mulheres que se julgam felizes (e espertas), que ficam com os caras pelo carro, pelo preço do motel, que não cantam, não dançam nuas olhando no espelho. Mas todo homem quer uma dessas (as da procuradoria, as dos grandes fóruns) valor ta nisso aí, esse valor mundano, quem gosta de homem é viado né? Mulher gosta de dinheiro.

As escritoras, as sociólogas, as professoras, as atrizes, as cantoras, mulher que tem beleza até na decadência, mulher pra andar léguas, pra fazer perder o sono, o fôlego, a paz, mulher que não precisa de cenário (pois já é a própria cena); essas meninas que brincaram de meretrizes e se tornaram mulheres tristes sim, mas verdadeiras, e sem máscaras. Meninas que amaram, que foram chamadas de vagabunda, que nunca precisou de homem nenhum pra estipular seu valor. Que sabem sim, separar diversão do amor, e mesmo quando tentam se enganar, há sempre um domingo, uma chuva que apavora, alguns hematomas que narram a porra toda, a destruição delirante nos braços de quem levou meu melhor e que eu nunca quis roubar ou ferir... O erro, a culpa e a pena...
Andressa estava pensando: “um homem não é homem quando confunde a mulher da cama com a que senta no seu lado no metrô em silêncio, quando leva a puta da cama pro metrô (sem notar que ela já ficou tão frágil que nem é puta mais), não vendo que ela mastiga chicletes e parece ter uns dezesseis anos, mas já vai fazer vinte e dois...”.

Perdi o fio que me conduzia a contar essa história.
Perdi o fio da meada desse meu fim de semana, deixei esse domingo ser mais forte que eu, agora mulher (triste).

Não era pra explicar nada mesmo.
Já me basta ter acabado o domingo e não ter mais ilusões de ser menina com quem me quer meretriz.

(Sei quem sou e o que sou em você, mesmo agora. Nada parecido comigo no google ou no seu passado em que todas as mulheres te exigiam tudo, menos o que você tinha. Parece que pra ter valor tem que exigir aquilo que nem se precisa e ser aquilo que nem se compreende, cansei de tentar entender: sou louca, menina, mulher, sou o que eu quiser! Durma com esse barulho).

Que o acaso proteja Valéria, Andressa, Camila, Suzane, Daniele, Alice, Fernanda, Cíntia, Luisa, Lídia, Lola, Amanda, Maria, Fabiana, Dorinha, Matilde, Benedita... Que o acaso torne e assole as mulheres sorumbáticas, que as meninas masquem chiclete e gozem muito e que as procuradoras mal-comidas dêem por escrito a cotação do encontro e que caiba a eles a reserva dos mais macambúzios e requintados motéis de São Paulo!

7 comentários:

  1. AAAAAAAAAAAAH AMANDA, vc é muito foda. minha Clarice dos tempos modernos. achei lindo. e vou até copiar algumas coisitas.

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  2. Eu não sofro por ser homem
    você não sofre por ser mulher
    a gente sofre por ser humano
    mas nunca sofre porque quer...

    Mas acho que vou por uma saia e esperar seu convite pra escrever aqui...

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  3. todo mundo faz questão de sofrer hahaha


    Alice, dor de paixão? será?

    e paixão dói?


    também te amo.



    clarice dos tempos modernos, eu?
    pô, a clarice não se divertia um terço do que eu me divirto.

    essa blog vai dar onde? hein?

    'Oo

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  4. o bom que só a inspiração faz o poeta...
    viva os homens de pau grande... os hoteis baratos e as pingas mineiras... e deixem que os velhos fazem o samba...

    anonimo mais conhecido do mundo

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  5. meninas que bricam de meretrizes são as melhores atrizes...

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